SARA


Como já devem ter percebido por outras postagens, Garth Ennis é meu escritor favorito. E, quando o assunto é guerra, ele realmente é insuperável. Dentre seus trabalhos mais memoráveis na área podemos destacar Histórias de Guerra (trazido pela extinta Ópera Graphica e continua incompletas aqui no Brasil) e Campos de Batalhas (publicado pela editora Mythos). Dessa vez foi a Panini quem apostou na nova HQ do Garth Ennis sobre o tema. A edição em si é muito bem caprichada, capa dura e tamanho um pouco maior que o formato americano. Originalmente foi publicado pela TKO Studios, um editora recente no mercado (fundada em 2017) e já conta com nomes como Jeff Lemire no catálogo, além, é claro, do Ennis.
Em Sara, voltamos à Segunda Guerra Mundial, esse tema fértil e minado de boas (e tristes) histórias. A protagonista que dá nome ao quadrinho faz parte de um grupo de franco-atiradores composto só de mulheres soviéticas. Enquanto a Rússia perde cada vez mais território para os nazistas, essas heroínas impedem os avanços da horda alemã. Sara é de longe a melhor entre elas, tendo se destacado desde o seu treinamento, quando ainda era uma jovem estudante alistada para defender a mãe pátria.
Apesar do quadrinho focar no dia-a-dia de Sara e suas companheiras, alguns flashbacks dos primeiros dias dela na guerra vão mostrando sua evolução militar e o desenvolvimento de sua personalidade. Entre um ataque inimigo e outro, ela conhece a perda e o quanto as pessoas podem ser cruéis. Isso faz com que ela se torne uma máquina-de-matar-nazistas praticamente insuperável.


Contudo, sua fama (e de suas companheiras) cruzam os campos de batalha e o exército alemão toma medidas para que os russos saibam quem é superior. Sara se vê acuada, nem tanto pelo inimigo, mas por sua responsabilidade quanto as demais atiradoras, suas companheiras. A situação a força a tomar decisões difíceis e agir na clandestinidade, indo contra as regras para armar uma arapuca contra um atirador alemão tão bom quanto ela.
Paro por aqui para não estragar a experiência de ninguém. Mas concluo dizendo que o preço a se pagar é sempre alto, tanto quanto o valor do que almejamos. Fica a sensação de uma história sobre valores, e até onde estamos dispostos a ir por quem amamos. Qual o preço a se pagar para a felicidade ou bem-estar destes? Sara é uma heroína de sua pátria, talvez esquecida, como tantos outros nessas guerras que assolam a humanidade. Heroína por que ela lutava por outros e não se importava de se perder no processo. Claro que entra a questão de vingança por sua perda, mas de longe o que a motivou no fim foi realmente salvar suas companheiras.
Garth Ennis entrega mais uma história humana, com suas tragédias e motivações, digno de um bom filme. Com certeza um quadrinho 5 estrelas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nem Mulher Maravilha, nem Capitã Marvel. A maior heroína é... A Pro.

SUPERMAN - PARA O ALTO E AVANTE