JUSTICEIRO - SOVIÉTICO


Poucos escritores escrevem sobre guerras tão bem quanto o irlandês Garth Ennis, e bem menos fizeram trabalhos tão memoráveis com o personagem da Marvel mais casca grossa que existe (Que Wolverine o quê!!!). Estamos falando do Frank Castle, o Justiceiro.

A relação entre Garth Ennis e Frank Castle é antiga, começou bem antes do sucesso que foi a linha Max da Marvel (logo, logo falaremos mais dessa super fase do Justiceiro que ainda traz frutos), quando a editora precisava consertar uma cagada, uma dessas histórias genéricas em que o personagem morre e volta de forma bizarra. O fato é que Bem Vindo de Volta Frank foi um sucesso e, mesmo avacalhando com outros personagens da editora, Ennis recebeu carta branca para moldar um novo mundo para o anti herói vietnamita. Assim, Frank vive sua própria guerra nas ruas americanas e longe do universo fantasiado dos heróis coloridos da Marvel. Bem, apesar do arco Soviético ser uma história auto contida, para uma melhor experiência aconselho ler toda a fase do personagem no selo Max (os encadernados: O Pelotão, No Princípio, Mãe Rússia, Barracuda e Valley Forge).

Em Soviético, Frank está no encalço de uma turma da pesada russa (Frank já os enfrentou antes, inclusive esse mesmo chefão). Mas a coisa fica muito confusa quando outro justiceiro começa a dar cabo dos cachaceiros russos. Castle parte numa investigação que o coloque um passo a frente do assassino para que seus caminhos se cruzem (Calma que não é spoiler, tudo isso está na sinopse do quadrinho). O nosso Justiceiro então conhece seu imitador, e vejam só, ele também é russo: Valery Stepanovich, ex-combatente das forças armadas russas que atuaram no Afeganistão entre os anos de 1979 e 1989. Como é de praxe, na receita para fabricar um justiceiro, o Stepanovich sofreu uma grande perda decorrente da guerra que travou e as sequelas o levaram a buscar vingança. Sua trilha o leva ao EUA e um encontro com Frank seria inevitável.

A boa vodka russa e Stepanovich

Após um embate de reconhecimento, ambos precisam juntar forças para combater a máfia russa liderada pelo algoz de Valery, seu motivo para vir de tão longe em busca de justiça. Entre planos e execuções, os dois soldados descobrem um sistema sórdido entre máfia e governo, engendrado de forma a legalizar operações e capital da máfia. Frank e Valery se veem numa teia maior que o esperado e até mesmo policiais corruptos estão do lado russo. Chegam a ficar em maus lenções quando um exército de mercenários os encurralam numa floresta densa. A situação fica tão inesperada que vemos Castle tomar decisões bem diferentes do que estamos acostumados, ainda mais quando as feridas de seus novo parceiro parecem as suas. Desse ponto em diante, vemos um Justiceiro mais brutal e insensível. Capaz de atrocidades nunca antes feitas por ele para punir os jogadores da corrupção e do crime organizado. Máfia, política, todas num mesmo jogo e culpadas por mortes nas ruas ou nos vales afegãos. A jornada do Frank parece que nunca terá um fim, visto que o sistema que ele combate é uma cadeia ramificada em várias vertentes. Sempre haverá um inimigo.

A arte de Jacen Burrows está visceral, e não é por menos. esse artista já foi parceiro de Ennis em Crossed e de Allan Moore em Providence e Neonomicon. Sua competência em trazer, magnificamente, a visão que o Ennis almeja já seria esperada.

O encadernado reúne 6 edições fechando todo o arco num único volume. É indispensável para os fãs do personagem e super recomendo para qualquer um que curta boas histórias fora da caixinha de heróis. O roteiro é competente e entrega uma boa história, de máfia, de guerra e vingança. E muito sangue.

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